"Certa noite, ao entrar em minha sala de aula, vi num mapa-mundi, o nosso Brasil chorar.
- O que houve, meu Brasil brasileiro? Perguntei-lhe!
E ele, espreguiçando-se em seu berço esplêndido, esparramado e verdejante sobre a América do Sul, respondeu chorando, com suas lágrimas amazônicas:
- Estou sofrendo. Vejam o que estão fazendo comigo:
Antes, os meus bosques tinham mais flores e meus seios mais amores.
Meu povo era heróico e os seus brados retumbantes.
O sol da liberdade era mais fúlgido e brilhava no céu a todo instante.
Onde anda a liberdade, onde estão os braços fortes?
Eu era a Pátria amada, idolatrada.
Havia paz no futuro e glórias no passado.
Nenhum filho meu fugia à luta.
Eu era a terra adorada e, dos filhos deste solo, era a mãe gentil.Eu era gigante pela própria natureza, que hoje devastam e queimam.
Não há mais algum homem que, às margens plácidas de algum riachinho, tenha a coragem de gritar mais alto para libertar-me desses novos tiranos que ousam roubar o verde louro de minha flâmula.
Eu, não suportando as chorosas queixas do Brasil, fui para o jardim. Era noite e pude ver a imagem do Cruzeiro que resplandece no lábaro que o nosso país ostenta estrelado.
Pensei: Conseguiremos salvar esse país sem braços fortes?
Pensei mais: Quem nos devolverá a grandeza que a Pátria nos traz?
Voltei à sala, mas encontrei o mapa silencioso e mudo como uma criança dormindo em seu berço esplêndido."